sábado, 10 de outubro de 2015

Escravidão química


A sociedade é uma organização caótica, e todas suas teorias sobre equilíbrio são uma armadilha. O ser humano em si é o próprio vício, a química cerebral é insana, insaciável e por vezes injusta. 
O homem é o lobo do homem, certo? Ele não pode fugir do terror químico que ocorre em suas entranhas!
Anestesiantes ou estimulantes os neurotransmissores, neuro-hormônios e hormônios nos controlam da morte ao nascimento, cobaia de nós mesmos.
Serotonina, dopamina, oxitocina; até mesmo o inferno é paraíso quando estas lhe acompanham. 
A necessidade constante do prazer e da anestesia pós-prazer vão reger-lhe por inteiro. É claro que pode-se fugir disto e deixar que o cortisol inunde seu corpo, os custos são altos, do stress á doença, da tristeza à loucura, aproveite seus demônios!
A maioria de nós simplesmente rende-se profundamente as necessidades do cérebro, qualquer fio de prazer é válido, e mais nunca é demais!
Bem-vindo a espécie, qual sua forma de satisfazer tua química cerebral? São infinitas, milhares, imensuráveis, e únicas para cada um. 
Dois maços de cigarro por dia, açúcar, sexo, mentir, álcool, lsd, televisão, música, pinturas, violência, remédios, trabalhar, exercícios, tecnologia, manipular, procriar, cocaína, dormir, ultrapassar limites, conquistar pessoas, consumir, ter, destruir, parafilias, porno, ler, roubar, matar, falar, inventar, masturbar-se, comer, comer e vomitar, não comer, estética... Os prazeres são inúmeros, e a sombra do vício está sempre nos espreitando. 
Eu, você, nós; só queremos os malditos neurotransmissores, unicamente isto! 
Você quer ser feliz? Na verdade, você quer um fluxo constante de serotonina, dopamina, oxitocina seguindo ciclicamente dentro de si. 
Conclusão? Não existe conclusão, só uma dica: 
Tenha cautela, o desejo pelo prazer vem em proporções cada vez maiores, e a falta deste trás dores cada vez mais latentes!
Administre sua escravidão química...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Um jato de tinta colorida.


Existem milhares de maneiras de existir, e existem outras mil maneiras saudáveis de existir, e existe esta maneira caótica e disfuncional de existir que carrego em mim. 
Há muitas pessoas como eu, e com toda certeza estão por aí se derramando, se debruçando, se equilibrando dentro do próprio desequilíbrio. 
O grande segredo de ter uma personalidade que beira a linha do que os homens consideram como loucura é abraçar aquilo que lhe foi dado da forma mais afetuosa possível, debater-se contra si próprio é o ingrediente crucial para o sofrimento. 
Enxergue o mundo como ele é, somos apenas uma espécie que habita um planeta, que habita uma galáxia, que habita um universo, as formas são tantas, o inexplicável é uma constante, a cada cem perguntas respondidas, outras mil perguntas surgem, tudo que se sabe é temporário. 
Todos nós somos temporários, por que não se permite ser? Somente ser aquilo que é, sinceramente você pode ser tudo. 
Ser um jato de tinta colorida, ser um jato de tinta colorida no auge da vida, explodir, cuspir, transcender, as cores são infinitas, penetrantes, instáveis, misturam-se para logo se transformarem. 
Sua vida se pinta em mil cores, as voltas são intermináveis, o descontrole é uma constante que lhe beija ao mesmo tempo que lhe soca o estômago. Experimenta-se sensações aos montes, que difundem-se cada vez mais, não raramente sentirá dores agudas, cansaços sem causa aparente, felicidades voluptuosas, energia explosiva, até mesmo a coisa mais insignificante é um vulcão em erupção dentro de você
É um universo extremo e maravilhoso, é preciso cautela e paciência para aceitar-se dentro dele,  é necessário entender que toda sua disfuncionalidade é aquém dos limites, do que é certo, do que é social, seu caos é tua própria arte imergindo em si mesmo. 
O que é ultrapassar os limites quando o limite é um ponto de vista? Não ame menos, nem ame mais só porque sente medo de não de estar dentro dos limites. 
Deixe as coisas, deixe as pessoas, deixe os remédios que mudam seu cérebro quimicamente, deixe os ideais que você comprou por imposição, deixe principalmente o medo da loucura. 
A loucura só machuca quando você luta contra ela. 
Sua personalidade não funcional é o que lhe acompanha todos os dias, então aceite-a. 


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Derrame emocional

























                                                       




As mulheres que se derramam
Os homens que se derramam
O grito que entala na garganta
Seus estômagos doloridos
Suas histórias reprimidas
O cantar dos pássaros em suas janelas
Todos sangram neste momento
Quem se permite sangrar deste jeito?
Qual remédio se deve tomar?
Por que tão diferentes entre si?
Não sei onde começam
Muito menos onde terminam
Essas pessoas que se derramam
Queria eu poder ajudar-lhes
Ajudar a mim e todos os outros
Esses outros que se afogam
Em emoções tão turbulentas
E raramente retornam de seu derrame emocional...

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Quem tem medo de ir embora?



A vida humana é um sorriso antipático, um choro no escuro debaixo do cobertor, um grito que ecoa no abismo. 
Meu bem, eu poderia lhe dizer mil coisas, mas seria um disparate, estou sob uma enxurrada de emoções borbulhantes, falar agora só pioraria as coisas.... 
Quem tem medo de ir  embora? Eu...? O amor é algo extremamente profundo, muito além do que se pode imaginar ele desnuda tua alma de uma só vez. Leiga como era, sempre calculei que paixões fossem o ponto mais alto e insano da vida de alguém, quanta inocência! 
Por paixão se mata, por amor.... você permanece, de forma leal, de alma lavada, um desejo incontrolável de ter  o outro em sua cama segurando-lhe entre os braços, amando-lhe reciprocamente. 
Eu temo não ser o suficiente, eu não calculei a dificuldade em ser suficiente para alguém, em arrancar-lhe sorrisos diários, eu não posso ser tua companhia na mesa, nem fugir para o mato, nem viver sob palmeiras, gritantemente eu procuro uma solução para me encaixar aqui, bem aqui dentro, dentro de você, mas todos os cantos são irregulares, ou talvez eu que seja irregular demais. 
Falta-me saúde para lhe acompanhar, falta-me flexibilidade, falta-me idade, meu estômago embrulha só de pensar no adeus, quantas camadas foram necessárias para que você penetrasse tão dentro? Até o vocabulário se camaleou ao seu, me encontrei em ti,  para depois me perder no mais íntimo do teu ser. 
As palavras estão escassas, tempo demais amando, tempo demais sorrindo, tempo demais em atritos, o elo que nos liga é um emaranhado de nós, ao menos para mim, sei que em ti tudo é mais simples, desde o olá até o adeus, alguns homens não hesitam, você é um deles. 
Admiro quem você é, gosto do teu cheiro, teu chamego, e até sua perturbadora habilidade em deixar para trás, eu amo cada parte do teu ser, eu jurava que histórias de amor verdadeiro fossem inacessíveis a mim...
Eu odeio quando minha voz lhe atinge de forma grosseira, odeio quando ao invés de beijos dou-lhe ofensas, odeio quando minha espinha dói de medo ao olhar no fundo dos teus olhos estritamente racionais.
Quem não se encaixa precisa ser mandado de volta, eu não estou me encaixando; não é mesmo? Quanto de uma mulher pode ser esquecido? Tudo? Passei a vida desacreditada de tudo, ser otimista nunca foi uma qualidade minha, quem dera eu conseguisse ser budista, alcançar um nível de zen-situde máxima estando de ponta cabeça, quem dera eu fosse o buda.
Eu quase fugi da escola, só li putaria e desgraça, delirei por anos, vivi de vícios, a lealdade e profundidade existente em mim só você alcançou, um eu que não vai embora, um eu que pede para ficar, um eu que insiste em dizer; continue...
Português chutado, escrita desconexa e chula, história pisoteada, amor escaldado, eu só quero dormir ao seu lado, eu só quero construir aquilo que jamais imaginei um dia, mas me diga, quem tem medo de ir embora?
Eu sei a resposta, obvio.
Uma pena!
Eu... todos os meus eus em uma única causa, pela primeira vez, meu amor!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Eu não quero ir



Poucas sensações se assemelham a esta, o nó na garganta que engole o choro, estomago doído, um desespero silencioso, o ponto final que tanto assusta.
Por aqui tudo é tão breve, basta respirar que acaba, segura o grito que vai doer, o olhar do cão dizendo tchau, quem dera ele falasse, quem dera ele agarrasse meus pés com os dentes, como faz quando a gente não quer ir?
Eu conheci o amor em um homem que cheira a café e erva, um homem que não liga quando eu saio sem pentear  o cabelo porque não achei o pente, um homem que diz não ao não, um homem que entrelaça as mãos nas tuas enquanto dorme.
Por que diabos perdi? Qual loucura cometi? Uma porrada de covas que eu própria cavei, quando eu vou conseguir acertar de primeira? Minha marca fodida, um pé na minha bunda, custo a acreditar...
Minha habilidade emocional é uma roleta russa, de vez em sempre ela acerta a pior merda possível, a bala entra e o choro sai, a vida não costuma me dar segundas chances, é como se eu sempre precisasse da primeira surra, mas a revanche nunca me é concedida. A corda arrebenta me fazendo ralar os joelhos, quando levanto ela já não está mais lá.
Em dias quentes a água pode afogar suas mágoas, você afunda até o pulmão gritar, isso pode lhe salvar de quase tudo. Em dias frios não há quem se salve, por isso as pessoas são tão pouco sorridentes na Europa...
O amor vai muito além do que eu possa imaginar, ultrapassa barreiras improváveis, tem a paciência de um monge tibetano, porém, são os seres humanos que amam, e eles sob toda  instabilidade e fragilidade tentam arduamente não perder o fio da meada.
Por que as escolas não nos ensinam como amar? Não quero morrer destruindo casas que eu ainda estava construindo...

segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu Teria

Eu teria sido a mulher que você quisesse, eu teria incendiado tua alma como ninguém antes,  eu teria desejado cada parte do teu corpo como uma cadela no cio, o mundo seria pequeno para nós dois, mil mulheres em uma, e você poderia ter dormido com todas elas.
 Eu era a medida exata entre a feiura e a beleza, estava longe de ser uma bela mulher, mas minhas chamas; ah... Estas eram infinitas! Corpo borbulhante em desejo, erupções hedonistas, eu jamais teria lhe deixado dormir em paz.   Povoaria teu corpo com meu cheiro, meu suor, meus gemidos, meu gozo, eu teria ido ao inferno pra te levar ao êxtase.
 Teria lhe dado muito mais que uma foda qualquer; eu sopraria vida para dentro de seus pulmões, lhe ensinaria como é morrer na medida certa, como é ser uma fênix humana.
 Meus cabelos desgrenhados, minhas unhas sem cor, minha pele sem pó. Eu nunca poderia ter sido uma princesa, moça-donzela, menina-moça, eu vim ao mundo para ser uma crua, selvagem e sem modos; caçar, destrinchar, sobreviver...
 O fogo que queima em meu ventre se infiltraria sob sua pele como um parasita mortal, o prazer lhe tomaria inteiro retorcendo seu âmago, e não se trata apenas de sexo, é algo que transcenderia o corpo, eu teria lhe oferecido o sorriso insano do alvorecer, eu pediria colo como uma menina meiga e foderia como uma puta enlouquecida só para sentir teus olhos nos meus pedindo por mais de mim.
 Seria tântrico, real, grotesco, rude, humano, quase apaixonado... Emoções primitivas em seres primitivos, você não era qualquer homem, e eu não era qualquer mulher, mas você insistiu em não me ver, não me tocar, não permitiu que eu mexesse em tua paz, você é silêncio, e eu tempestade.
  Homem... Eu teria lhe roubado um sorriso, eu teria completado tua solidão, grotescamente eu teria deixado você entrar.

domingo, 8 de fevereiro de 2015





                                        A solidão cai como uma luva, os amantes se vão
                                        deixando paz em meu coração, não tenho nada a
                                        lhes oferecer além do corpo, minha alma é inóspita,
                                        incendeia e dá asas a ilusão.
                                        Domino a arte de possuir corpos, fazer cafés e
                                        degustar da dor, algumas noites são mais vazias
                                        que outras, quem dera não fosse esta.
                                        Dormir sozinha é um conforto triste
                                        Amanhã é mais um dia, obrigo-me a sorrir, diluo alegria
                                        em pó antes de sair para vida e finjo que nada me acontece,
                                        assim como todos os outros, estão apenas solitários e aflitos.

                                        Não há espaço para o amor na geração y...

                                      



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Um dia antes do segundo mês

Eu sou como um ciclone tropical, levo tudo pros ares, deixo tudo em ruínas, e depois vou embora, rapidamente; quase que como em um passe de mágica. 
Uma catástrofe natural em forma de mulher, ruiva dos dentes tortos, se pudesse aconselhar alguém; eu diria: Não me dê abrigo, não abra seu coração, não me ofereça colo, feche a porta! 
Eu não tenho cacife pro amor,  a qualquer hora, em qualquer lugar, estou sempre olhando para porta, arrumando alguma forma de fugir, algum motivo para não ficar.
Talvez eu tenha me perdido em tantos corpos que não possa me encontrar em corpo algum, foram tantas camas, tantos amores, tantos lábios, tantos suores e fluídos  para no final nunca ter ficado tempo suficiente para conhecer a alma humana, o ser humano em si, com seus defeitos e histerias, com todo seu encanto e podridão, uma prostituta emocional com hora marcada, sem nenhum tipo de ganho, eu toquei tantos, mas nunca conheci ninguém. 
Minha falta de habilidade para amar é um soco no estômago, cheia de afeto, e tão vazia ao mesmo tempo, tudo flui, escorre, e nem ao menos corro tentando prender algo em minhas mãos.
A maior parte do tempo faço um papel qualquer, sem nome, sem data, sem alma; e eu não ligo para o que dizem; jamais poderiam compreender meu comportamento, há um mundo todo por trás dos rótulos, há toda uma realidade cruel que não deixa de existir só porque vão me considerar imoral, indigna ou qualquer merda parecida, as pessoas trepam por inúmeros motivos, eles vão de mera procriação até autodestruição.
Eu teria um lugar no céu dos cristãos caso me arrependesse, e a merda toda é que não me arrependo, nem da porra do sexo em si, nem da profanação de uma vagina inocente, o fruto do pecado afinal já estava em mim, era o sêmen do meu criador, foi minha hóstia, eu só me arrependo do desgaste que causei a mim mesma.
Foi como ter vivido uma vida toda em dezoito anos a tal ponto que meu corpo responde como se tivesse muita idade, os joelhos estão parando de funcionar aos poucos, as juntas inflamam como se tivessem inúmeras décadas, e talvez por tudo isso seja tão difícil amar, amar alguém que não me julgue, amar alguém que entenda o que é sofrimento e desordem, amar alguém que perceba que eu provavelmente já vivi o dobro do que ela poderá viver um dia. 
Elas por elas, eu acabo sempre indo embora, porém eu vou tentar me explicar, e vou chorar antes de dormir, lembrar todas as manhãs que  logo  você encontrara o amor, a constância, enquanto eu continuarei me queimando por aí, caminhando sem rumo, andando de montanha russa, sangrando...