segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Fique Comigo

                                         Oh, won't you stay with me?


Corro em direção a porta aos prantos, gritar ''Não vá embora.'' vai fazer você ficar? A sensação de abandono sobe pelas pernas, percorre o corpo e se infiltra sob os  pulsos, a dor parece ter sido injetada exatamente no  meu ponto vital, o coração dispara enquanto a garganta se fecha, por que está soltando minha mão?

Não me dê as costas, não feche a porta, não abandone sua garota louca...Eu posso ter uns parafusos a menos, e uns extremos a mais. Um passado que perturba a mente, que assusta a todos que a vida não fodeu sinceramente.
Olhe as paredes desta casa, exalam paixão, transpiram você, me dei inteiramente, deixei que penetrasse além do meu corpo, o mais profundo, sob a pele, onde moram os medos e anseios, eu nunca deveria ter deixado você entrar? 
O que meu psiquiatra diria sobre isso? Escreveria as frases prontas de sempre no prontuário? Aumentaria a dose da medicação com medo de um colapso sentimental? Ou diria que sou especialmente sensível para a maioria das pessoas? Eu apostaria em caos, eu sou um caos, Dr. Freddy, me entupir de drogas não vai fazer ninguém ficar, por que não me ensina a dar adeus sem enlouquecer? 
Eu acreditei que você ficaria, ao menos desta vez alguém ficaria. Ficar mesmo quando meus joelhos pararem de funcionar, mesmo quando já não puder escutar o som da tua voz, mesmo quando qualquer resquício de beleza tiver virado pó, certamente me enganei? Olhe para trás, me olhe! Não me deixe aqui, de repente bateu um frio sufocante, é seu corpo indo embora... 
Abri a porta com tanto carinho, despi as armaduras, fiquei nua e vulnerável, deixei que tocasse minha alma, fiquei de joelhos diante de cada vontade sua, derreti sob ti, fundi meu corpo no teu, ardi em chamas, mas só agora elas estão doendo, e como doem... 
Estou de ponta cabeça, você e todo seu universo encantado surrupiaram-me, filmes românticos, apelidos carinhosos, crises de ciúmes, beijos intermináveis, frases apaixonadas no calor do momento, planos sobre o futuro, que febre louca é essa? Alguém tem um remédio? Esse garoto acendeu luzes coloridas em meu peito, mas está partindo, devia ter desconfiado, você não gosta de café...
Suas mãos tão maiores que as minhas, sorriso de menino com covinhas irresistíveis, dá ciúmes só de imaginar outro alguém admirando-as, logo eu, tão liberal, tomada por um sentimento de posse nunca antes imaginado, se pudesse lhe enterrava dentro de mim, quando foi que me tornei tão passional? Egoísta e insegura? Tolamente querendo você só pra mim, só e unicamente meu, devo estar delirando, o que fez comigo? Qual tua fórmula secreta? Qual demônio invocou?
A cada passo teu algo em mim dói, depois da porta qualquer uma vai cruzar teu caminho, cheio de amor e doçura, marrento e atraente, não vai demorar até que esqueça de mim e outra preencha o meu lugar, e provavelmente com o muito mais talento, talvez eu não esteja apta? Já posso quebrar a casa toda e abrir aquela garrafa de vinho esquecida no armário? Eu queria poder amar você...
Deveria ser crime partir desejando ficar, crime de amor, crime contra si mesmo, que pecado; meu bem... Homens não choram? Olhe nos meus olhos e diga que quer mesmo ir, está chovendo lá fora, é seguro aqui, e eu gosto tanto de ti, de qual penhasco devo pular para que você acredite? O penhasco do grito? Do exílio? Das lágrimas?
Caso insista em ir embora, por favor, não me machuque mais, bata a porta e me faça esquecer teu nome, teu cheiro, teu sabor, teu desejo, lhe imploro...







terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Ao menos uma vez

                                  





                                   Eu não sei fazer poesia, não com palavras
                                   Afinal, eu inteira sou uma poesia fodida 
                                   Na flor da idade e derretendo sob o fogo da vida
                                   Minha pele é uma porcelana cheia de rachaduras
                                   A inocência deixei por lá, há uns dez anos atrás.
                                   Desde então tenho estado tão febril, quase uma chama viva
                                   Nadando contra a maré doentia e quase morrendo a cada dia
                                   Transbordo excessos; paixões, manias, desejos, um acúmulo de vícios
                                   Selvagem por si só, descontrolada e louca, vivo dando tiros no escuro
                                   Não sei as medidas entre um extremo e outro, odeio essa matemática
                                   Por que ser uma se posso ser todas? Limites não agradam ninguém
                                   Se gosto de sexo, fodo até o corpo doer, se gosto de música, escuto até enjoar
                                   Nunca me diga quando parar, só escuto quando a vida vem e me dá uma surra
                                   Uma surra épica que te quebra inteira, e te faz beijar o chão cuspido.
                                   Eu só peço uma coisa a mim mesma; mais amor e menos partidas
                                   Se permanecer é um ato de amor, me deixe ficar, ao menos uma vez
                                   Não me deixe foder com tudo, me ensine a ter paciência, a não enlouquecer
                                   Só dessa vez; eu imploro!