quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Um dia antes do segundo mês

Eu sou como um ciclone tropical, levo tudo pros ares, deixo tudo em ruínas, e depois vou embora, rapidamente; quase que como em um passe de mágica. 
Uma catástrofe natural em forma de mulher, ruiva dos dentes tortos, se pudesse aconselhar alguém; eu diria: Não me dê abrigo, não abra seu coração, não me ofereça colo, feche a porta! 
Eu não tenho cacife pro amor,  a qualquer hora, em qualquer lugar, estou sempre olhando para porta, arrumando alguma forma de fugir, algum motivo para não ficar.
Talvez eu tenha me perdido em tantos corpos que não possa me encontrar em corpo algum, foram tantas camas, tantos amores, tantos lábios, tantos suores e fluídos  para no final nunca ter ficado tempo suficiente para conhecer a alma humana, o ser humano em si, com seus defeitos e histerias, com todo seu encanto e podridão, uma prostituta emocional com hora marcada, sem nenhum tipo de ganho, eu toquei tantos, mas nunca conheci ninguém. 
Minha falta de habilidade para amar é um soco no estômago, cheia de afeto, e tão vazia ao mesmo tempo, tudo flui, escorre, e nem ao menos corro tentando prender algo em minhas mãos.
A maior parte do tempo faço um papel qualquer, sem nome, sem data, sem alma; e eu não ligo para o que dizem; jamais poderiam compreender meu comportamento, há um mundo todo por trás dos rótulos, há toda uma realidade cruel que não deixa de existir só porque vão me considerar imoral, indigna ou qualquer merda parecida, as pessoas trepam por inúmeros motivos, eles vão de mera procriação até autodestruição.
Eu teria um lugar no céu dos cristãos caso me arrependesse, e a merda toda é que não me arrependo, nem da porra do sexo em si, nem da profanação de uma vagina inocente, o fruto do pecado afinal já estava em mim, era o sêmen do meu criador, foi minha hóstia, eu só me arrependo do desgaste que causei a mim mesma.
Foi como ter vivido uma vida toda em dezoito anos a tal ponto que meu corpo responde como se tivesse muita idade, os joelhos estão parando de funcionar aos poucos, as juntas inflamam como se tivessem inúmeras décadas, e talvez por tudo isso seja tão difícil amar, amar alguém que não me julgue, amar alguém que entenda o que é sofrimento e desordem, amar alguém que perceba que eu provavelmente já vivi o dobro do que ela poderá viver um dia. 
Elas por elas, eu acabo sempre indo embora, porém eu vou tentar me explicar, e vou chorar antes de dormir, lembrar todas as manhãs que  logo  você encontrara o amor, a constância, enquanto eu continuarei me queimando por aí, caminhando sem rumo, andando de montanha russa, sangrando...

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